Às 4 horas de uma típica madrugada úmida do Congo, Muhammad Ali saiu de seu vestiário e se dirigiu ao ringue montado no meio do gramado. Cerca de 100 mil congoleses espremidos no Tata Raphael gritavam em êxtase: “Ali, bomaye! Ali, bomaye!”. Mas não demorou muito para que seus apoiadores se calassem. Já no primeiro assalto Foreman mostrou força, encurralou Ali nas cordas e passou a golpeá-lo sem misericórdia. A cena se repetiu nos rounds seguintes. Irreverente, Ali chegava ao ouvido dele e gritava para que todos na plateia ouvissem frases como “Vamos lá, George! Me disseram que você tem a mão pesada”.Foi no quinto round que Foreman começou a demostrar cansaço. De repente, Ali saiu das cordas e, pela primeira vez na luta, passou a atacar. Era como se por todo o tempo ele estivesse ali, aguardando as forças do jovem lutador se esvaírem. A estratégia ficou conhecida como "rope-a-dope", algo como dopado nas cordas, e consistia em usar a flexibilidade dos elásticos do ringue para absorver os impactos de Foreman.
No oitavo assalto, o oponente, exausto, tentava atacar, mas seus golpes atingiam o ar ou as luvas de Ali. O campeão dos campeões havia usado as cordas do ringue para absorver os golpes de seu oponente. Faltando 12 segundos para o final Muhammad Ali iniciou uma sucessão de socos. O último deles acertou em cheio o queixo de Foreman. Ele ainda tentou se agarrar a Ali, mas não havia mais o que fazer. Desabou no ringue para só se levantar anos depois, acometido por uma profunda depressão que quase lhe custou a carreira e a vida. Muhammad Ali era novamente, após dez anos, campeão mundial de pesos-pesados e o vencedor da mais espetacular luta de boxe já realizada na história.